Samarco
tem 10 dias para solucionar vazamento de rejeitos em Mariana
- 08/06/2016 15h37
- Belo Horizonte
Felipe
Pontes - Repórter da Agência Brasil
Comitê Interfederativo deu 10 dias para que Samarco
detalhe como vai conter rejeitos de minério que continuam escoando pela bacia
do Rio DoceCorpo de Bombeiros/MG - Divulgação
O Comitê Interfederativo criado
para supervisionar o cumprimento do acordo firmado pela Samarco para recuperar
os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), deu
10 dias para que a empresa detalhe como vai conter os rejeitos de minério que
continuam escoando em grande volume pela bacia do Rio Doce.
Um das descrições mais repetidas
por ambientalistas e autoridades para se referir à tragédia de Mariana é a de que se trata
de um desastre ambiental “em curso”. Uma das principais razões para isso é o
imenso volume de rejeitos de minério - mais de 13 milhões de metros cúbicos -
ainda retido na região do rompimento e em margens e afluentes da bacia.
Rio Doce
Quando chove sobre a área, o
material escoa até a foz do rio Doce, no Espírito Santo, deixando pelo caminho
um rastro de poluição. Para lidar com o problema, diques de contenção
provisórios foram instalados pela Samarco, mas essas estruturas esgotaram
rapidamente sua capacidade de armazenamento.
A empresa propôs a construção de
estruturas permanentes, previstas para estarem prontas em dezembro, depois do
início do período chuvoso. Após vistoria em maio, no entanto, o Ibama concluiu
que, se for mantido o atual ritmo de trabalho, tais diques só estarão prontos
no ano que vem.
Pela resolução emitida ontem (7),
a Samarco deverá, em dez dias, apresentar alternativas para a contenção de
rejeitos, de modo a impedir uma nova poluição de grandes proporções da bacia do
rio Doce a partir de outubro, quando aumenta o volume de chuvas na região. Segundo
o comitê, existe “a possibilidade iminente de chegar o próximo período chuvoso
sem nenhuma capacidade de retenção de rejeitos”.
Plano emergencial
A resolução exige ainda que a
Samarco apresente, nos mesmos dez dias, um plano para a dragagem emergencial do
reservatório de Candonga, pertencente à Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, que
conteve ao menos 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos desde o desastre de
Fundão e agora está em seu limite de segurança máximo, sob o risco de também se
romper.
“A inação das partes Samarco e
Consórcio Candonga representa o pior cenário”, disse o Comitê Interfederativo
em relação ao problema. Pelo acordo firmado entre o governo e a Samarco há três
meses, a dragagem emergencial da barragem de Candonga deveria ter começado em
28 de março.
Procurada, a Samarco não disse
porque ainda não iniciou o trabalho. A empresa, cujas proprietárias são a
mineradora brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, também não
respondeu aos pedidos da Agência Brasil.
A barragem de Fundão, em Mariana
(MG), se rompeu em novembro do ano passado, liberando no rio Doce mais de 60
milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. O desastre matou 19 pessoas
e arrasou comunidades próximas, que ainda aguardam a reconstrução.
Edição: Kleber
Sampaio
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