quinta-feira, 31 de março de 2016

Câmeras modernas



Samsung Gear 360 – Câmera deverá ser lançada no Brasil em Breve

  

Aparelho da Samsung permite gravações de vídeos em 360 graus. Ainda não há uma data confirmada para o lançamento do dispositivo no Brasil.




Em breve deve chegar ao mercado brasileiro a câmera da Samsung, a Gear 360. As informações são da própria fabricante. Ela foi apresentada durante a feira MWC de 2016, ao lado dos novos smartphones Galaxy S7 e S7 Edge.

O foco do dispositivo é efetuar vídeos em 360 graus, sendo que os mesmos poderão ter a visualização através de dispositivos de realidade virtual. Ainda não foi apresentada uma data para o lançamento da Gear 360 ou um preço sugerido.

O suporte da câmera é para imagens em até 30 megapixels e a captura de seus vídeos é em resolução de 3840 x 1920 pixels. As suas lentes são duplas olho de peixe com os sensores de 15 megapixels, além da sua abertura de foco em f/2.0.

Outro destaque é o recurso de compartilhamento da câmera devido a sua conexão com o smartphone da Samsung. Com isso, é possível fazer o envio de vídeos e fotos diretamente para as redes sociais como o Facebook ou sites como o Google Street View e o Youtube. A câmera também tem compatibilidade com o Galaxy S6 Edge+, S6, S6 Edge e o Note 5.

Confira todas as configurações da Gear 360:
Ela tem duas câmeras de olho de peixe de 15 megapixels. O armazenamento interno do dispositivo pode ficar em até 128 GB com cartão microSD. A sua tela é de 0,5 polegadas PMOLED. A Gear 360 tem o seu modo de captura em vídeo, foto, vídeo em loop, time lapse, entre outros. A bateria da câmera da Samsung é de 1.350 mAh. O seu preço no mercado internacional deve ficar por volta dos US$ 500.

O grande destaque desta câmera será a experiência que vai proporcionar com a visualização de fotos e vídeos em 360 graus, com os usuários tendo a possibilidade de utilizar o headset Virtual Gear VR da Samsung. Com isso, todo o conteúdo poderá ser assistido em realidade virtual. Todos esses recursos, os quais ainda não temos no Brasil, se encontram disponíveis em um app exclusivo para o download no Google Play, no Galaxy Apps e também para PCs. Agora resta esperar pelo anúncio da Samsung para o lançamento e chegada do aparelho no Brasil.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Negócios...



As ligações da Odebrecht em Angola
"(...) são tantos os contratos e investimentos públicos e privados que é muito difícil obter uma lista completa dos empreendimentos da Odebrecht em Angola"


Odebrecht e a relação com os filhos do Presidente de Angola
Como a empreiteira brasileira tornou-se sustentáculo do regime autoritário de José Eduardo dos Santos

ELIZA CAPAI E NATÁLIA VIANA—
A Pública

Para a pesquisadora Anna Saggioro, do Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Relações Internacionais (Lieri), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, é impossível dissociar o poder do presidente com o poder da Odebrecht. “A gente vê o grau de autoritarismo do governo angolano, e a gente não pode escolar a Odebrecht desse autoritarismo. A Odebrecht atua junto com o governo angolano em uma série de empreendimentos e também nas suas ligações internas. Não podemos simplesmente dizer que é apenas uma empresa que segue as regras”, avalia.

Ricardo Soares diz que, como pesquisador, é muito difícil analisar a atuação da Odebrecht no país, pois há pouca informação e transparência. “As especulações sobre a relação da Odebrecht com a elite angolana são inteiramente legítimas. Se a Odebrecht está preocupada com a sua reputação, só tem que clarificar a natureza dessas relações. Até que ponto eles são lucrativos, qual é a lógica desses projetos? Por exemplo, eu gostava que a Odebrecht colocasse disponível uma lista exaustiva de seus negócios. Tenho uma lista de exemplos, e não há mês que passe que não venham dizer que a Odebrecht está, afinal, metida aqui ou ali.”

Um país em obras
De fato, são tantos os contratos e investimentos públicos e privados que é muito difícil obter uma lista completa dos empreendimentos da Odebrecht em Angola, ou avaliar os lucros auferidos ao longo de tantos anos.

A reportagem pediu essa listagem, mas não foi atendida. A receita total da empresa no país não consta do seu relatório anual 2014, diferentemente do valor gasto com projetos sociais e ambientais, nitidamente visível: US$ 17 milhões em 2014.

O que consta, ali, é apenas o “valor econômico distribuído” – impostos, salários, pagamento de fornecedores, investimentos na comunidade, custos operacionais e de financiamentos – no total de US$ 1.851.780.000. À Pública, a assessoria de comunicação da Odebrecht afirmou que a receita foi da ordem de US$ 1,8 bilhão. Ou seja, nenhum lucro. Sobre esse questionamento, a empresa retrucou: “A conclusão não é correta. A Odebrecht teve lucro em Angola e tem todas as suas contas auditadas por auditor independente. Como se sabe, as operações da Odebrecht em Angola são executadas por companhia de capital fechado e não está sujeita à obrigação de publicar as suas contas.

De qualquer forma, as contas consolidadas do negócio de Engenharia e Construção da Odebrecht são disponibilizadas para os seus stakeholders”.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Grande nação



Arqueiros de origem indígena vão a torneios no exterior e sonham com Olimpíada
  • 04/03/2016 05h54
  • Rio de Janeiro
Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil 


Na infância, Iagoara aprendeu com os tios a usar pedaços de itaúba, bacabeira, palmeira ou pau-brasil para montar seu brinquedo preferido. "Tira um pedaço, corta, pega uma corda, enverga, e já vai tomando a forma de arco", explica o ribeirinho de 19 anos, que cresceu em uma comunidade a 60 quilômetros de Manaus, na margem esquerda do Rio Negro. Qualificado para disputar uma das vagas da equipe de tiro com arco que representará o Brasil na Olimpíada, ele treina com mais cinco atletas de origem indígena e vê nas suas raízes o gosto pelo esporte.

"Na comunidade, todo mundo sabe atirar [com arco nativo]. É uma brincadeira que todo mundo gosta e que está no nosso sangue. O arco e flecha vem dos nativos", lembra o atleta, que atende também pelo nome de Drean Braga da Silva, mas tem orgulho do nome indígena escolhido por seu avô: "Significa cachorro. Foi meu avô que escolheu, porque eu gostava de andar muito sozinho no mato. Tem gente que diz que o nome é inadequado, mas estou pouco ligando para isso".

O atleta da etnia Kambeba começou a treinar há apenas dois anos, no projeto Arqueria Indígena - , da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), e se qualificou em janeiro, em quinto lugar, para participar das seletivas nacionais da modalidade, que começam hoje (4) em São Paulo. Além dele, também se qualificou Nelson Silva, de 16 anos, da etnia Kambeba e Graziela dos Santos, de 20 anos, da etnia Karapanã, ambos do mesmo projeto. A equipe brasileira de tiro com arco terá quatro atletas - três titulares e um reserva - tanto no masculino quanto no feminino. As duas primeiras vagas serão dos que vencerem as seletivas, que reúnem dez atletas de cada sexo, e a terceira vaga e a reserva são escolhas técnicas da Confederação Brasileira de Tiro com Arco.

Diretor técnico da Federação Amazonense de Tiro com Arco e técnico da Arqueria Indígena, Anibal Forte conta que muita gente acha que a origem indígena é uma vantagem para ingressar no esporte. "Eles têm um gosto pela prática do esporte, e isso é o mais importante. Não a técnica, porque eles têm que reaprender totalmente. O pessoal comenta que eles têm vantagem por já terem praticado quando jovem, mas essa vantagem não existe. Os arcos são totalmente diferentes", explica Anibal.

O gosto dos jovens indígenas inscritos no projeto pelo arco também ajudou porque, em nível esportivo, a modalidade requer paciência e insistência. "O mais importante do tiro com arco é a constância. O atleta tem que executar o movimento de formas exatamente iguais todas as vezes que praticar o tiro. Isso não acontece com o tiro nativo, porque uma vez ele está agachado, outra está em pé, outra, abaixado", conta Anibal.

Comum na comunidade em que Graziela cresceu, a prática do arco nativo, no entanto, costumava reunir apenas os meninos karapanãs. Mas isso não impediu que ela se misturasse e depois conseguisse se tornar a única mulher da equipe do Arqueria Indígena.

"Sempre tem comemoração e tiro com arco nativo [na comunidade], e eu atirava junto. Era uma brincadeira mais dos meninos, mas eu estava no meio atirando, porque eu gostava de fazer isso", conta. "Minha mãe não pratica isso, não. Meu avô e meu pai que atiravam. E na minha tribo eu não ouvia falar sobre grandes arqueiras que atiravam com arco e flecha".

Saiba Mais
Chamada de Yaci, que significa lua, ela também deseja representar o Brasil para que indígenas e mulheres possam se inspirar. "Os outros povos, vendo que eu que sou indígena e posso chegar na Olimpíada, com certeza vão querer praticar o tiro com arco ou outro esporte e chegar também", diz. "[As mulheres podem] pensar que todo mundo é capaz se tiver força de vontade e que não desistam por um obstáculo, porque a gente pode passar por ele e continuar e conseguir nossos objetivos".

 Arqueiros das etnias Karapanã e Kabemba treinam para as seletivas que definirão atletas olímpicos que representarão o Brasil no Tiro com Arco
Tânia Rêgo/Agência Brasil

O principal obstáculo, para Yaci, foi a distância da família. A mudança da comunidade de Nova Canaã, a 60 quilômetros de Manaus, para treinar na capital amazonense foi a primeira de sua vida. A adaptação só foi mais fácil porque ela contou com a presença do irmão, Gustavo dos Santos, de 19 anos. Ele também é atleta do tiro com arco, mas perdeu por pouco a chance de disputar a Olimpíada e ficou em 11º na qualificação, por apenas um ponto de diferença. Apesar disso, Ywytu (vento) é o único que tem sua participação nos jogos garantida: foi selecionado para carregar a tocha no revezamento do símbolo olímpico pelo país.

"A ficha já caiu pra mim. Estou ciente do evento grandioso de que vou poder participar. Vou ficar marcado por já poder ser parte disso de alguma forma", conta ele, que continua treinando e vai representar o Brasil na Guatemala na semana que vem, em um torneio aberto que soma pontos para o ranking mundial. Além dessa competição, o atleta vai participar de outro torneio de ranking mundial na Argentina, em julho, e do 23º Panamericano de Tiro com Arco, na Costa Rica, em maio. Drean também estará nos três eventos internacionais, os primeiros com a participação de atletas indígenas do projeto.

Caçula do grupo, Nelson Silva, de 16 anos, vai representar o Brasil na Arizona Cup em abril, nos Estados Unidos, além de competir nos mesmos torneios que os colegas na Argentina e na Costa Rica. Ele conta que seu pai, inicialmente, foi contra sua ida para Manaus, mas a mãe deixou a cargo dele a decisão. Participar de competições foi o que fez ele se animar a praticar o tiro com arco, e ele se considera um atleta de sangue frio e concentrado, apesar de seu nome indígena, Inhá, significar "coração".

"Quero ir para a Olimpíada porque vou representar o Brasil e os povos indígenas de todo o país. Nunca vemos um indígena em uma olimpíada. Vai ter muita visibilidade", destaca, lembrando de uma vez em que levou o arco profissional para a comunidade Kambeba. "Eles acharam bonito, gostaram. Só não conseguiram puxar a flecha, porque o arco é muito forte. Também acharam pesado, porque o deles é de madeira".

Rotina pesada

Em sua preparação para a Olimpíada e as competições internacionais, os atletas do tiro com arco do projeto treinam sete horas diariamente, além de manter em dia a vida escolar - no caso de Graziela, a preparação é conciliada com a graduação de ciências contábeis, em que ela cursa o quinto período.

Em um dia de treino, eles chegam a disparar 300 a 400 vezes no alvo que fica a 70 metros de distância. Nem sempre é possível acertar o centro, mas errar o alvo como um todo é considerado "um erro grosseiro".

A preparação inclui ainda exercícios aeróbicos e natação para melhorar a respiração, a postura e a circulação sanguínea, detalhes que ajudam a manter a mira mais estável na hora de se posicionar. "O batimento cardíaco tem que ser o mais baixo possível, para não afetar a precisão", explica o treinador.
Edição: Lílian Beraldo