terça-feira, 27 de agosto de 2013

DISSUASÃO – É ASSIM QUE A MINERADORA VALE TRATA PARAUAPEBAS


Ação ou resultado de dissuadir, de convencer alguém a mudar de opinião ou desistir de uma intenção;
Dissuadir — convencer (alguém ou a si mesmo) a mudar de ideia, a abdicar de uma decisão. O Brasil, ainda desde o fim do Império, forjou as suas relações ...
Dissuadir — convencer (alguém ou a si mesmo) a mudar de ideia, a abdicar de uma decisão. O Brasil, ainda desde o fim do Império, forjou as suas relações com os demais países com base nesse conceito. O verbo está no cerne da Estratégia Nacional de Defesa (END), cujo primeiro objetivo é “dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres, nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso do espaço aéreo nacional”. Para dissuadir, porém, é preciso estar preparado para combater, enfatiza mais adiante o mesmo documento.


EM PSICOLOGIA SOCIAL, Dissuasão é um eufemismo ou discurso quando você quer esconder algo extremamente visível. Apela para técnicas que causa forte e definitivo perrengue a um grupo ou população. Quando é direcionado a um coletivo, sua eficiência esta relacionada a resultados palpáveis, mas invisíveis para a maioria prejudicada.


É assim que vivemos em Parauapebas – com “a usina atrás do morro” (JJ Veja, não deixem de ler, vão entender tudinho que estou falando aqui) funcionando a todo vapor e pressa, a predadora vai tornando nossa vidinha aqui cada dia mais difícil. Imagina se a modernidade, a disponibilidade de recursos dos grandes centros fossem disponíveis aqui, a quantidade de curiosos, turistas e outros grupos estariam, bisbilhotando as ações da VALE, a carga continua de nossos recursos, a devastação desenfreada da canga, único ecossistema no mundo, em que a mata e a reserva de mineiro conviveram por milênios...


Não, visando unicamente esconder ao máximo do mundo tantos recursos, é a razão de você não encontrar Parauapebas no mapa. No mapa econômico do mundo. Você encontra Carajás e seu isolamento. A Casa de Hospedes não esta ali localizada no escondidinho por acaso. Quantas autoridades, empresas e pessoas interessantes pisam em nossa terra e nunca nos conhecem? Apenas os convidados a dedo pela mineradora e não é por acaso.


Na urgência da guerra de retirar todo o minério antes que os preços do mercado internacional baixem, a VALE precisa cortar serras, afogar regatos, matar rios e bichos e gente. É urgente e para isto vai duplicar a ferrovia, para isto e unicamente para retirar ao máximo os recursos do subsolo a VALE vai usar esta nova técnica exploratória no SD11 em Canaã. Não é para proteger o meio-ambiente ou economizar água, é apenas para despachar as riquezas mais rápido, acabar com tudo enquanto ainda pode, enquanto o povo não tem tempo para pensar, observar a sandice da entrega, perdidos no seu perrengue diário com tantos probleminhas que enfrentamos e não acreditamos que foram plantados ali para nos absorver tempo e energia e não nos deixarem enxergar...

A VALE é  maior mineradora do mundo – é líder em exportações no Brasil. Gera bilhões de receita para todos. Porque será que, dentro da cidade onde esta plantada sua maior mina, não se tem uma única máquina de hemodiálise? Porque será que os bancos não funcionam? Porque será que os planos de saúde, aprovados por ela, quando acionados, deixam a desejar e oferecem um pronto atendimento?  O mais curioso, com toda sorte de problemas aqui embaixo, a mina não sofre revés, a cada dia aumenta sua produção, esgotando mais avidamente recursos milenares, em troca de uma montanha volátil de dólares.


Não percamos de vista – a falta de água, o preço exorbitante dos alimentos, a transito caótico, os enormes caminhões, a falta de medicamentos e assistência, as filas intermináveis e humilhantes das agencias bancarias, as filas para comprar pão, tomar cerveja, tomar um taxi. As vans sujas e lentas, as refeições caras, a falta de um banco de sangue – mesmo tendo em nosso território uma mina cujo risco e trabalho é o máximo, a inexistência de sistema de água, esgoto, de áreas de lazer, tudo isto debitado a existência de uma única razão de existência dessa cidade – mineradora VALE. Origem de todos os males, dores, limitações, finitude.


Que outra razão poderia ser a fonte de TODOS OS NOSSOS PROBLEMAS, que acreditamos e viemos vier aqui? Sem recursos, vivemos grande parte de nossos dias, buscando solução de problemas que desconhecíamos em nossas cidades de origem. Nada pode ficar pronto aqui. Apenas as instalações, a logística e a produção da VALE são produtos que estão certificados e funcionando. Apenas as instalações, negócios e objetivos da mineradora são alcançados. Enquanto ela cresce, nossa cidade incha. Enquanto ela desenvolve, suas empreiteiras quebram. E assim, la nave vá. Mas até quando vamos aceitar essa humilhação imposta diariamente pelos agentes da VALE: bancos, hospitais, restaurantes, médicos, internet, sistemas?



UM PERRENGUE POR DIA

As exigências das empreiteiras, no rol de documentação para admissão beiram ao absurdo. O peão tem que tirar atestado de antecedentes criminais, certificado de cursos,  segundo grau, experiência anterior, se amigado, apresentar documento da relação, que nem existe legalmente, carteiras de vacina e outras coisitas más. Incrível quando ele tem que fazer os treinamentos de RAC, os exames médicos, o introdutório privado e VALE, aguardar o crachá para finalmente trabalhar. Estas procissões de idas e vindas, dependem da VALE e da agilidade do peão e da empreiteira. Em dezenas de casos, flagramos empresas que estavam há 120 dias tentando iniciar seus trabalhos na mina e receber, depois de mais 60 dias a primeira medição. EMPRESÁRIOS, NÃO HÁ COMO GANHAR DINHEIRO TRABALHANDO PARA A VALE EM CARAJÁS! Todos os perrengues encontrados na cidade visam proteger a mineradora de cobranças e reativa da população e fornecedores. Não temos solução senão apelar para o crescimento moral e o desenvolvimento psicológico da VALE.


Nossa contrapartida é lembrar sempre os motivos por que as empresas não ganham  dinheiro aqui. Distancia, sindicatos controlados, ACIP e CDL nas mãos da VALE. Não há hospitais, energia elétrica, condições de instalação, atendimento público, capacidade de atendimento da saúde.


A cidade vive em estado de guerra onde, dos óbitos ocorridos no hospital, gritantes 51% serem resultado de agressão e horríveis 26% serem acidentes de carro. Quase 80% das mortes serem resultado de causas não naturais, da a dimensão da loucura que vivemos aqui. Daí a importância de uma participação mais responsável da VALE nos destinos da cidade, alem dos bilhões repassados. A USINA ATRAS DO MORRO tem todos os recursos para controlar corações e mentes. É assim.