FALÊNCIA MÚLTIPLA DE ÓRGÃOS
Como
uma cidade promissora perde o amanha.
O
impasse na Câmara dos Vereadores de Parauapebas parece não ter fim. Enquanto esperamos
os órgãos de controle social aportarem nesta cidade, assistimos diariamente um
jogo surreal, maluco, inconformante.
Depois
do factoide de afastamento do prefeito e seu enfrentamento a Câmara,
dividindo-a, lançando seus pares contra outros, temos agora o envio sistemático
de projetos e leis e um grupo contra o outro – a população no meio.
Optou-se
por um perde-perde e seguimos em frente. A produção da mina de ferro de Carajás
continua a todo vapor. Mas sua mercadoria antes vendida a 120 dólares a
tonelada caiu para menos de 60 dólares. A
massa de trabalhadores que antes compravam de tudo, desapareceu há dois anos e não
tem bilhete de volta. A cada dia vemos mais e mais amigos partirem.
Os
investimentos entraram em decadência. Todas as obras iniciadas pela prefeitura em
2014 se encontram paradas. A receita
publica estagnou e decai desde agosto 2013. O cenário é tão preocupante
que tememos pelo orçamento da saúde e da educação. Os gastos mal feitos
comprometem a própria existência do desenvolvimento alcançado ate então.
O
desemprego é a constante. Trabalhadores renitentes deslocam-se até Canaã. O S11D,
um projeto que a VALE já deveria ter parado, continua nos sonhos de quem não quer
partir: tem seus lotes, casas e familiares estabelecidas e enraizadas aqui. Ainda
apegados a uma possível permanência numa terra que foi prometida. Logo verão
que não há mais trabalho para todos. Ali é apenas indicação cerrada. Não há uma demanda para tantos trabalhadores.
Muitos voltam desiludidos. Outros voltam revoltados.
Os
crimes violentos tornam-se recorrentes. É normal em fins de semana ou feriados
prolongados, ocorrerem de seis a oito mortes terríveis. Trânsito e acertos de
contas. A policia, naturalmente corrupta e naturalmente incompetente nada pode
fazer e nem sabe o que fazer. Não há preventiva,
inteligência, nada. Semana passada prenderam dois rapazes negros de 16 e 19
anos com sete pedras de crack. Prendeu o
mais velho por trafico. Imaginem, mesmo com as orientações de Brasília, 7
pedras ser trafico é um absurdo, com 19 anos, negro e pobre. Como pode ser
traficante. Mas esta preso, cumpre o “flagrante”. Quando digo falta de inteligência
nesta crise, falo da cela, a comida, a conta de água e luz com mais este pobre
ali contido apenas aumenta a demanda por mais verbas publicas.
Assim,
as empresas loteadoras – as incorporadoras que fizeram o que quiseram para
ampliar a área urbana – começam a jogar a toalha e demitir. A Buriti ordenou
corte de 80% do seu pessoal. A VALE mineradora enfrentou uma paralização de três
dias. Suas reduções e cortes incomodam seus funcionários, recordistas de
produção e produtividade.
As
grandes lojas estão vazias. Grandes supermercados e lojas – ainda acreditando
em premissas e estudos falsos sobre a cidade aportam aqui para perderem
dinheiro e se decepcionarem. Não há mais vida saudável em Parauapebas.
Enquanto
isto, prefeito e vereadores fazem seu jogo de morte: inviabilizam o futuro e a possível
solução para a cidade, enquanto é tempo. Parecem não entender que enfrentamos
uma crise terminal. Sem médicos, remédios ou possibilidade de tratamento. Quem viver,
verá.
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