Bolsonaro reaparece em público e discursa para apoiadores em Brasília
Presidente volta a ignorar alertas das autoridades de
saúde contra as aglomerações e se reúne com apoiadores que pedem a volta
ao trabalho e reabertura do comércio, enquanto aumentam as mortes por
covid-19.
Bolsonaro vem fazendo aparições públicas, causando aglomerações e até apertando as mãos de apoiadores |
O presidente Jair Bolsonaro discursou neste domingo (19/04) para um
grupo de apoiadores em Brasília que participava de uma manifestação em
defesa do governo. No ato, que ocorreu em frente ao Quartel General do
Exército na capital, muitos defendiam uma intervenção militar no país e
faziam fortes críticas ao Congresso Nacional.
Contrariando as
recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), que pede que as
pessoas evitem aglomerações para deter a disseminação do novo
coronavírus, os manifestantes se acumulavam em torno de Bolsonaro, que
subiu em uma picape para discursar.
"Eu estou aqui porque
acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não
queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil", disse
Bolsonaro. "O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo
Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e
acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no
lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o
povo no poder."
"Todos no Brasil tem que entender que estão
submissos à vontade do povo brasileiro. Tenho certeza, todos nós juramos
um dia dar a vida pela pátria. E vamos fazer o que for possível para
mudar o destino do Brasil. Chega da velha política", disse o presidente.
Neste
domingo, protestos semelhantes ocorrem em outras cidades pelo país,
como São Paulo, Curitiba, Salvador e Manaus. Os manifestantes pedem a
reabertura do comércio e a volta ao trabalho, enquanto aumentam o número
de mortes e de pessoas infectadas por covid-19 em todo o país. Alguns
governos estaduais impuseram medidas de quarentena e isolamento.
Bolsonaro,
entretanto, vem questionando a eficácia dessas medidas, adotadas também
em diversos países ao redor do mundo, e minimiza a gravidade da doença.
O presidente vem realizando passeios e aparições públicas, causando
aglomerações em torno de sua figura e até mesmo apertando as mãos de
seus apoiadores, o que os especialistas em saúde também pedem que seja
evitado.
Neste sábado, ele voltou a criticar os governadores
estaduais e o Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que os
estados da federação têm autonomia para ordenar o fechamento do
comércio.
Números divulgados pelo Ministério da Saúde neste
domingo elevaram o total de mortes pelo novo coronavírus no Brasil para
2.462, com 115 óbitos registrados nas últimas 24 horas. Nos sete dias
que antecederam a divulgação desses dados, o aumento no número de mortes
foi de 101 % (1.239 óbitos).
Estudos divulgados por diferentes
instituições acadêmicas e universidades brasileiras nesta semana
alertaram que o número de óbitos e de pessoas infectadas em todo o país
pode ser até 15 vezes maior do que o anunciado pelas autoridades.