Ação ou resultado de dissuadir, de convencer alguém a mudar de opinião ou desistir de uma intenção;
Dissuadir — convencer (alguém ou a si mesmo) a mudar de ideia, a abdicar de uma
decisão. O Brasil, ainda desde o fim do Império, forjou as suas relações ...
Dissuadir — convencer (alguém ou
a si mesmo) a mudar de ideia, a abdicar de uma decisão. O Brasil, ainda desde o
fim do Império, forjou as suas relações com os demais países com base nesse
conceito. O verbo está no cerne da Estratégia Nacional de Defesa (END), cujo
primeiro objetivo é “dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras
terrestres, nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o
uso do espaço aéreo nacional”. Para dissuadir, porém, é preciso estar preparado
para combater, enfatiza mais adiante o mesmo documento.
EM
PSICOLOGIA SOCIAL, Dissuasão é um eufemismo ou discurso quando você quer
esconder algo extremamente visível. Apela para técnicas que causa forte e
definitivo perrengue a um grupo ou população. Quando é direcionado a um
coletivo, sua eficiência esta relacionada a resultados palpáveis, mas invisíveis
para a maioria prejudicada.
É
assim que vivemos em Parauapebas – com “a usina atrás do morro” (JJ Veja, não
deixem de ler, vão entender tudinho que estou falando aqui) funcionando a todo
vapor e pressa, a predadora vai tornando nossa vidinha aqui cada dia mais
difícil. Imagina se a modernidade, a disponibilidade de recursos dos grandes
centros fossem disponíveis aqui, a quantidade de curiosos, turistas e outros
grupos estariam, bisbilhotando as ações da VALE, a carga continua de nossos
recursos, a devastação desenfreada da canga, único ecossistema no mundo, em que
a mata e a reserva de mineiro conviveram por milênios...
Não,
visando unicamente esconder ao máximo do mundo tantos recursos, é a razão de
você não encontrar Parauapebas no mapa. No mapa econômico do mundo. Você
encontra Carajás e seu isolamento. A Casa de Hospedes não esta ali localizada
no escondidinho por acaso. Quantas autoridades, empresas e pessoas
interessantes pisam em nossa terra e nunca nos conhecem? Apenas os convidados a
dedo pela mineradora e não é por acaso.
Na
urgência da guerra de retirar todo o minério antes que os preços do mercado
internacional baixem, a VALE precisa cortar serras, afogar regatos, matar rios
e bichos e gente. É urgente e para isto vai duplicar a ferrovia, para isto e
unicamente para retirar ao máximo os recursos do subsolo a VALE vai usar esta
nova técnica exploratória no SD11 em Canaã. Não é para proteger o meio-ambiente
ou economizar água, é apenas para despachar as riquezas mais rápido, acabar com
tudo enquanto ainda pode, enquanto o povo não tem tempo para pensar, observar a
sandice da entrega, perdidos no seu perrengue diário com tantos probleminhas
que enfrentamos e não acreditamos que foram plantados ali para nos absorver
tempo e energia e não nos deixarem enxergar...
A
VALE é maior mineradora do mundo – é
líder em exportações no Brasil. Gera bilhões de receita para todos. Porque será
que, dentro da cidade onde esta plantada sua maior mina, não se tem uma única
máquina de hemodiálise? Porque será que os bancos não funcionam? Porque será
que os planos de saúde, aprovados por ela, quando acionados, deixam a desejar e
oferecem um pronto atendimento? O mais
curioso, com toda sorte de problemas aqui embaixo, a mina não sofre revés, a
cada dia aumenta sua produção, esgotando mais avidamente recursos milenares, em
troca de uma montanha volátil de dólares.
Não
percamos de vista – a falta de água, o preço exorbitante dos alimentos, a
transito caótico, os enormes caminhões, a falta de medicamentos e assistência,
as filas intermináveis e humilhantes das agencias bancarias, as filas para
comprar pão, tomar cerveja, tomar um taxi. As vans sujas e lentas, as refeições
caras, a falta de um banco de sangue – mesmo tendo em nosso território uma mina
cujo risco e trabalho é o máximo, a inexistência de sistema de água, esgoto, de
áreas de lazer, tudo isto debitado a existência de uma única razão de
existência dessa cidade – mineradora VALE. Origem de todos os males, dores,
limitações, finitude.
Que
outra razão poderia ser a fonte de TODOS OS NOSSOS PROBLEMAS, que acreditamos e
viemos vier aqui? Sem recursos, vivemos grande parte de nossos dias, buscando
solução de problemas que desconhecíamos em nossas cidades de origem. Nada pode
ficar pronto aqui. Apenas as instalações, a logística e a produção da VALE são
produtos que estão certificados e funcionando. Apenas as instalações, negócios
e objetivos da mineradora são alcançados. Enquanto ela cresce, nossa cidade
incha. Enquanto ela desenvolve, suas empreiteiras quebram. E assim, la nave vá.
Mas até quando vamos aceitar essa humilhação imposta diariamente pelos agentes
da VALE: bancos, hospitais, restaurantes, médicos, internet, sistemas?
UM
PERRENGUE POR DIA
As
exigências das empreiteiras, no rol de documentação para admissão beiram ao
absurdo. O peão tem que tirar atestado de antecedentes criminais, certificado
de cursos, segundo grau, experiência
anterior, se amigado, apresentar documento da relação, que nem existe
legalmente, carteiras de vacina e outras coisitas más. Incrível quando ele tem
que fazer os treinamentos de RAC, os exames médicos, o introdutório privado e
VALE, aguardar o crachá para finalmente trabalhar. Estas procissões de idas e
vindas, dependem da VALE e da agilidade do peão e da empreiteira. Em dezenas de
casos, flagramos empresas que estavam há 120 dias tentando iniciar seus
trabalhos na mina e receber, depois de mais 60 dias a primeira medição.
EMPRESÁRIOS, NÃO HÁ COMO GANHAR DINHEIRO TRABALHANDO PARA A VALE EM CARAJÁS!
Todos os perrengues encontrados na cidade visam proteger a mineradora de
cobranças e reativa da população e fornecedores. Não temos solução senão apelar
para o crescimento moral e o desenvolvimento psicológico da VALE.
Nossa
contrapartida é lembrar sempre os motivos por que as empresas não ganham dinheiro aqui. Distancia, sindicatos
controlados, ACIP e CDL nas mãos da VALE. Não há hospitais, energia elétrica,
condições de instalação, atendimento público, capacidade de atendimento da
saúde.
A
cidade vive em estado de guerra onde, dos óbitos ocorridos no hospital,
gritantes 51% serem resultado de agressão e horríveis 26% serem acidentes de
carro. Quase 80% das mortes serem resultado de causas não naturais, da a
dimensão da loucura que vivemos aqui. Daí a importância de uma participação
mais responsável da VALE nos destinos da cidade, alem dos bilhões repassados. A
USINA ATRAS DO MORRO tem todos os recursos para controlar corações e mentes. É assim.